Liderança e Conhecimento – O Caso de Moisés

Liderança e conhecimento, e não o contrário, porque esta última é instrumental à primeira, o conhecimento é uma ferramenta e a liderança uma técnica de operacionalização do conhecimento enquanto um recurso (activo) transformando-o em algo úitl para alcançar um bem estar maior, por outras palavras, porque diz-se que o ofício do líder é o de resover problemas, então este recorre do cohecimento contido nas pessoas para colocar à busca de soluções criativas desses mesmos problemas para gerar um bem estar comum e harmonioso; o homem enquanto um ser pensante tem uma limitação de insuficiêcia e consequente necessidade de algo mais para além do conhecimento para transformar esse conhecimento em algo útil e de valor que possa gerar impacto, mudanças e transformação nas pessoas a longo prazo.

Pretende-se com este artigo de opinião percorrer de uma forma articulada e fluida pelos seguintes objectivos: (i) conhecer os três principais tipos de conhecimento, (ii) as fontes de cada um desses tipos de conhecimento, (iii) descrever os três principais níveis de evolução de liderança, (iv) indicar as possíveis limitações do conhecimento científico, e (iv) a assumpção que o conhecimento é um instrumento de liderança. Estes três tipos de conhecimento indicados em (i) serão para efeitos deste artigo assemelhados em forma de paridade aos três estágios de evolução da liderança (iii), aplicado ao caso particular da liderança de Moisés.

O três níveis de conhecimento sequenciados na vida de um líder são, designadamente (1) o conhecimento científico, (2) o auto conhecimento, e (3) sabedoria, sendo o primeiro um entendimento do mundo para saber o ler e não se “perder”, interpretar e posicionar-se em face dos fenómenos à nossa volta através da escolarização; é o primeiro mundo, o mundo exterior. O segundo nível é o mergulho no seu íntimo com vista ao descobrimento do segundo mundo, o seu mundo interior, fazendo-se um cabo curto para mergulhar num poço de descobrimento, no abismo da sua programação genética para desvendar o propósito de vida.

O último nível de conhecimento é a negação de si mesmo, ter a humildade de reconhecer que aquela programação genética, é terreno de cultivo de um Criador não Criado e como tal procurar comunhão e intimidade para de forma gradativa aceder aos tesouros da sabedoria e do conhecimento que se encontram escondidos em Cristo, e aceder a revelações de mistérios ocultos aos olhos dos homens por intermédio do Mestre do Ensino, o Paráklito.

Olhando para o caso de Moisés, em hebraico Mosha que significa “tirar” pois a filha do Faraó que o resgatou no rio e adoptou assim justificou esse nome dado no momento de resgate do rio, e dessa forma Moisés escapou do decreto que mandava exterminar (lançar para o rio) bebés do sexo masculino de mães hebreus, afinal o seu futuro augurava-lhe uma grande missão, a de libertar da escravidão (tirar) do Egipto o seu povo, e conduzi-los à terra prometida. A sua vida é um bom exemplo desse paradigma da aplicação de três tipos ou níveis de conhecimento para três estágios sequenciados de liderança.

Como tal, o critério que vamos utilizar para proceder a essa análise bi-variável na liderança de Moisés será precisamente os seus anos de vida, como sabemos Moisés viveu a idade de 120 anos, que resulta de 40×3, isto é, três períodos de 40 anos cada um desses estágios.
Efectivamente, Moisés viveu os seus primeiros 40 anos de vida no palácio, os seus segundos 40 anos de vida a pastorear o rebanho do seu sogro Jetró no deserto, e os seus últimos 40 anos a conduzir o Seu povo do Egipto a terra prometida pelo deserto; seguidamente, vamos verificar que tipos de conhecimento obteve, bem como os respectivos estágios de liderança que evoluiu em cada um dos períodos de 40 anos que fazem o pivot desta matriz.

Os primeiros 40 anos de vida de Moisés, Deus o colocou milagrosamente no palácio para que ele fosse instruído em toda a ciência e sabedoria dos egípcios, Moisés era poderoso em suas palavras e obras, para que posteriormente pudesse receber a lei dada por Deus no Sinai, registá-la, ensinar ao povo, legislar e fiscalizar a sua implementação, e transmitir ao seu sucessor e ao povo por herança. O segundo período de 40 anos da vida de Moisés foi o período em que este teve as experiências mais profundas e privadas com Deus na forma de adestramento para a missão futura que o aguardava, isto é, foi praticar o pastoreio do rebanho do seu sogro Jetró para que
posteriormente recebesse a missão de ir pastorear o “rebanho” de Deus através de uma teofania em que este questionou a Deus, curiosamente, quem direi que me enviou porque a terra era politeista, e o Senhor o respondeu “Eu Sou”, o Criador não Criado.

Os últimos 40 anos de Moisés foram passados no deserto onde este empregou a autoridade que foi operada pela graça do Senhor, sinalizada pela vara do Senhor que operou sinais e prodígios como coluna de nuvem durante o dia e coluna de fogo a noite, para conduzir o povo à celebração de sucessivas páscoas e outras celebrações judaicas, sendo a páscoa a primeira das celebrações do povo de israel que ocorreu precisamente no derradeiro sinal (décima praga) que o Senhor enviara para se vingar do coração por Si endurecido do Faraó, esta que acabou por vitimar todos os primogénitos egípcios com excepção dos hebreus que cingiram as janelas de suas casas com o “sangue do cordeiro”.

Importa notar que se Moisés não tivesse saído do palácio nunca teria sido líder, somente chefe, logo o conhecimento limitava-o a tornar-se quanto muito um chefe revestido com autoridade de fazer parte da família “real”, é assim que a sua revolta “interna” em conhecer os seus antepassados foi um primeiro sinal da sua irreverência para ser líder. Somente após Moisés ter aprendido a “apreciar” o deserto, colhido uma instrução (Espírito Santo), e acomodado pela provisão que o susteve por este tempo todo, conheceu a Deus, e Este confiou-lhe uma promessa que favorecia a revolta que nele havia iniciado há 40 anos atrás quando acidentalmente matou um egípcio em defesa de um indefeso, e assim o Espírito de Deus começou a operar no seu espírito.

António Sendi

Evangelista, Teólogo, Coach de Liderança, Coach Espiritual, Leader Coach, Fundador da
Academia de Liderança Servant Leadership, e Autor

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