Quero iniciar o presente artigo da edição de Julho da Revista Cosmovisão, promovendo o seguinte pensamento do líder Martin Luther King Jr. para a nossa reflexão:
“Estou convencido que os homens odeiam-se uns aos outros porque eles têm medo uns dos outros. Eles têm medo
por não se conhecerem, e eles não se conhecem porque não se comunicam uns aos outros; e eles não se comunicam
uns aos outros porque eles estão separados, uns aos outros”.
Segundo Silveira1, Martin Luther King Jr., pastor baptista, activista político e líder de movimento dos direitos civis nos EUA, nasceu em uma família cristã rodeada de ministros: seu tataravô, seu avô e seu pai eram pastores baptistas. Com efeito, a ideia de resistência não violenta que permeou toda a sua liderança no movimento dos direitos civis tem basicamente três origens: Henry David, Thoreau, Mahatma Ghandi, e principalmente Jesus. King ficou fascinado como Ghandi consegui libertar os indianos da opressão do império britânico valendo-se tão somente da “ética de Jesus”, isto é, da “força do amor”, quando King até então acreditava que a ética de
Jesus aplica-se somente nas relações interpessoais e não a um âmbito social maior. Na sua incursão sobre os feitos de Ghandi, aprendeu que através dos seus jejuns e marchas pacíficas “dar a outra face” e “amar aos inimigos” se estendia também às nações e a grupos sociais.
Conforme King tenha se inspirado em Ghandi, olhou por sua vez para a ética de Jesus com outros olhos fazendo-o reavaliar a sua teologia. Mais do que uma mera filosofia, para King a resistência não violenta encontra seus fundamentos teológicos nos ensinamentos de Jesus no sermão da montanha. A resistência não violenta tinha se tornado a técnica do movimento de King, enquanto o amor continuava sendo seu ideal, em outras, enquanto Cristo fornecia o espírito e a motivação, Ghandi fornecia-lhe o método.
Para Vieira2 (2007:38), a expressão “conflito” num sentido tradicional, representa uma luta por valores, poder, recursos materiais, ou posição social, em que o objectivo se expressa pela decisão de neutralizar, lesar, ou destruir o “outro”: inimigo, rival ou opositor. Fazendo uma distinção
1In https://tuporem.com.br/a-import%C3%A2ncia-do-pensamento-de-martin-luther-king-jr-aaf3ad41ddb4 ,
acessado no dia 17 de Julho de 2023, pelas 11:10
2 Vieira, Isabel Maria (2007), A Violência e a Guerra: uma abordagem sócio-psicanalista
entre conflito e competição, consideramos que no primeiro caso é uma luta que exige uma comunicação ou contacto directo com o inimigo, enquanto a competição que é também uma luta entre indivíduos ou grupos de indivíduos, o contacto e a comunicação podem ser dispensáveis. Enquanto que o conflito teria como característica uma luta intermitente e pessoal, sempre
consciente, a competição se apresenta de forma contínua e impessoal, de carácter inconsciente.
De acordo com Sousa3(2015:19), o pensamento reducionista (reducionismo) acredita que somente a ordem faz parte do universo não havendo espaço para desordem no mundo que vivemos. Com efeito, segundo a óptica da complexidade, se apenas houvesse ordem o mundo não evoluia para algo melhor não havendo, como consequência, a criatividade. A teoria do caos sugere que tanto a ordem como a organização poderão originar-se por via do caos, da desordem e de processos de auto-organização. Por sua vez, o efeito borboleta que encontra sustento na teoria do caos, sustenta que uma pequena alteração nas condições iniciais de uma dada situação pode gerar uma grande mudança na sua evolução futura, isso porque o todo é constituido por relações e por ligações e, como tal, se uma das relações se prejudica, o todo vê-se obrigado a reconstituirse, a alterar-se, havendo novos equilíbrios.
Por sua vez, a comunicação é o canal pelo qual o homem insere-se na sociedade e adopta os padrões de vida de uma cultura. É um processo de participação de experiências em vários campos do saber que pode modificar a disposição mental das pessoas envolvidas durante o processo de comunicação. A comunicação é um processo social e, por isso, sem ela a sociedade
não existiria. (Bovério4, 2007:330)
A nível da liderança, a comunicação tem o papel de afectar o comportamento e o desempenho dos liderados na realização das tarefas e metas estabelecidas. O processo comunicacional desencadeia-se através de comunicação verbal, e não verbal. A comunicação verbal envolve a linguagem escrita ou falada. Para qualificar a linguagem verbal, deve haver o emprego de
3 Sousa, Maria (2015), Comunicação, crise e liderança: uma investigação sobre o prisma da complexidade sobre comunicação e liderança em contexto de crise organizacional 4 Bovério, Maria (2018), Comunicação, Tecnologia e Sociedade: a importância da comunicação para a socialização do homem emoções, sentimentos e até mesmo o silêncio em determinados momentos, permitindo que o emissor expresse seus sentimentos sem o uso da palavra.
No auge do medo e perseguição movido por seus inimigos, o profeta Elias que fora porta-voz de Deus sobre o anúncio de seca devido a imoralidade espiritual (idolatria), foi-se esconder na caverna de Horeb após ter desejado morrer e posteriormente percorrido 40 dias e noites, quando a palavra do Senhor foi-lhe dirigida perguntando-o o que ele ali fazia? A mesma dir-lhe-ia que o Senhor iria passar por ali, tendo em rajada ocorrido três sinais turbulentos como (i) um vento forte, (ii) um terremoto, e (iii) fogo, mas Deus não Se encontrava em nenhum destes, de seguida veio o Senhor através de um vento suave e começou a murmurar nos ouvidos de Elias confiandolhe novas missões, procedimentos esse que dava a entender que os métodos de “fogo e espada” não eram eficazes para realizar a obra divina, antes obras de misericórdia e bondade.
António Sendi
Evangelista, Teólogo, Coach de Liderança, Coach Espiritual, Leader Coach, Fundador da Academia de Liderança Servant Leadership, e Autor sobre Liderança