Como os Hábitos e Rotina Forjam umEspírito de Liderança

Aprecio bastante momentos como este em que privo-me, isto é renuncio à minha zona de conforto, para encontrar-me comigo mesmo como um intermediário para ascender ao alto, e extrair desta complexa raíz ou inesgotável fonte revelações profundas “escondidas” no mistério da vida num sentido de existência e pertença a uma humanidade, raça humana, regida por um Criador não Criado, Este que tem uma existência transcedente e, através da Sua emanência, dá sustento a própria vida; enquadrado numa lógica da física quântica (ou lei da atracção), diria como navegar em outros territórios desconhecidos escalando os degraus: consciente – subconsciente – Eu Superior?

Esta reflexão tem como objectivo compreender a importância dos (i) hábitos e rotina em geral, e do (ii) espírito de liderança em particular, para um alto desempenho e produtividade do líder como um ser que está em constante transformação e adaptação de dentro para fora, do ambiente interno ao externo, do seu raio de influência directa ao indirecto, conforme o líder seja um agente de mudança comprometido com causas que beneficiem directamente aos outros, a humanidade, e indirectamente a si próprio, pois a sua recompensa ou “salário” é o impacto (externalidades) que as suas acções contribuem para o bem estar dos outros, é lá (nos outros) onde a sua existência reflecte-se.

O primeiro aspecto que importa exterior, mesmo para quebrar o gelo, é que o verdadeiro líder transformacional nos dias de hoje é o empreendedor social, este que identifica um problema social, para que na base de seu dom natural ou talento possa conceber um modelo de negócio sustentável e diferenciado para doar-se com vista a criar riqueza social, pois o mundo de uma forma geral vive uma grave crise humanitária e de liderança observável através do agravamento das desigualidades sociais.

Nesta era de desenvolvimento, o empreendedor social é o “intermediário” do ecossistema ou framework de desenvolvimento que assegura que as políticas e iniciativas das instituições tradicionais possam ser cada vez mais orientadas e direccionadas para aqueles que mais precisam, isto é, sem comprometer os interesses de cada interveniente nesta cadeia de suprimentos o empreendedor social é concomitantemente um investidor social que converte, pelo efeito multiplicador, cada unidade monetária de capital financeiro investido em prosperidade, sendo o mesmo empreendedor o primeiro investidor dos seus próprios recursos como sejam: a ideia, criatividade, tempo, energia, espírito de liderança (sobre este vou debruçar-me mais adiante com maior propriedade) e networking só para citar alguns. Muitas vezes, de forma consciente e/ou inconsciente, o empreendedor social é o único investidor devido a uma mão invisível que adverte dos perigos de “contaminação” ou mistura com interesses dos capitais dos investidores externos que podem distorcer o alcance da missão.


Segundo Duhigg1 (2012:43), os hábitos surgem porque o cérebro está o tempo todo procurando maneiras de poupar esforço em pensar em comportamentos básicos com vista a tornar-se mais eficiente, re-orientando a energia mental para actividades mais criativas. O ciclo do hábito também conhecido como o loop do hábito é um padrão neurológico que consiste em três fases sequenciadas, designadamente: gatilho, rotina e recompensa. A compreensão deste mecanismo ajuda a compreender como mudar os maus e criar bons hábitos que tornem a nossa mente mais criativa, robusta e resiliente para continuar a liderar em meio a adversidades e às dores causadas pelos desafios de liderança, nomeadamente: crise, complexidade, traição, solidão, cansaço e glória.

O gatilho é qualquer coisa que desencadeia o hábito, podendo ser um local, hora do dia, outras pessoas, um estado emocional ou uma acção precedente. Por sua vez a rotina do hábito é o comportamento que deseja mudar ou alterar; e a recompensa, é razão pela qual o cérebro decide que os passos anteriores merecem ser lembrados para o futuro.

Por sua vez, o espírito de liderança é a capacidade que o líder tem de se comunicar com eficiência para envolver e influenciar pessoas a agirem de acordo com a sua vontade, seu objectivo ou seu propósito. Este espírito de liderança operacionaliza-se por uma comunicação
plena sustentada pela verdade, através de uma mescla de comunicação verbal, não verbal e visual, de onde o líder expressa uma intencionalidade futura sobre como pretende agir e inspirar os outros a seguirem-lhe.

1 Duhigg, Charles (2012), O Poder do Hábito, Editora Objectiva

Dito isto, quanto mais difícil for instalar novos hábitos que elevem a nossa produtividade futura, maior deverá ser a robustez do espírito de liderança que nos assiste a lidar com a dor na liderança, encarando-a não como inimiga mas como uma amiga que nos ajuda a crescer. Os cristãos que seguem a Jesus precisam estar diariamente dispostos a suportar a dor e carregar a
cruz.


António Sendi

Evangelista, Teólogo, Coach de Liderança, Coach Espiritual, Leader Coach, Fundador da Academia de Liderança Servant Leadership, e Autor sobre Liderança

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *